Os usos violentos da linguagem em nossa sociedade têm se intensificado nos últimos anos.
Exemplos incluem os seguintes casos:
- Linguagem fascista: ocorre quando há desprezo pela divergência, uso de fórmulas fáceis, desacordo visto como traição, recusa da modernidade, negação dos fatos e/ou desprezo pelos fracos (Piovezani, Gentile, 2021). Opera pela apologia da violência ou por incitar a violência. A violência da linguagem é destrutiva dos sujeitos, pois posicionam o outro – especialmente aquele que representa a raça, o gênero, a sexualidade e o território que não se quer habitar – em um lugar vulnerável, insultando, injuriando ou violando a sua condição.
- Negacionismo: “um sistema de crenças que nega o conhecimento objetivo, a crítica pertinente, as evidências empíricas, o argumento lógico, as premissas de um debate público racional, e tem uma rede organizada de desinformação” (Rathsam, 2021). Nesse contexto, a coerência torna-se irrelevante. O negacionismo é utilizado por governos, sujeitos e instituições autoritárias.
- Fake news e desinformação: é a falsificação de uma informação, notícia ou acontecimento. É um tipo de desinformação. Ganhou visibilidade e periculosidade devido ao seu potencial de disseminação nas redes sociais, especialmente pela criação de bolhas, que impendem que seus participantes tenham acesso às evidências e à possbilidade de checar a veracidade das informações. Registre-se que esses conteúdos mentirosos têm 70% mais chance de serem compartilhados do que os verdadeiros (TRE-GO).
- Racismo linguístico: ocorre quando a língua é usada como marcador racial hierarquizador. A racialização linguística opera pela inscrição na língua dos marcadores raciais, a exemplo do uso de termos, expressões, piadas e valorações racializantes e depreciativas.
Devemos lembrar que a liberdade de expressão encontra seu limite na violação da dignidade humana.
Maiores referências, consultar:
PIOVEZANI, C.; GENTILE, E. A linguagem fascista. São Paulo: Hedra, 2020.
RATHSAM, L. Negacionismo na pandemia: a virulência da ignorância. Unicamp, Cultura e Sociedade, 2021. Disp. online.
TRE-GO. Fake news x desinformação: entenda qual é a diferença entre os termos, 2013. Disp. online.